A Ansiedade surge de uma ameaça. Não necessariamente quando estamos em situação de perigo; às vezes um simples pensamento de que algo pode dar errado ou que podemos não ser aceitos pode gerar a ansiedade. No cérebro o nosso sistema sensorial capta a ameaça que passa a informação tanto para o córtex quanto para a Amígdala. A Amígdala é uma estrutura do nosso sistema límbico e está diretamente relacionada à nossa memória emocional, sendo responsável por desencadear respostas de medo.
A Amígdala quando recebe a informação da possível ameaça da o direcionamento automático para que as nossas glândulas supra-renais liberem noradrenalina (hormônio do medo), que vai gerar todas as respostas físicas necessárias a uma possível fulga. É por isto que a ansiedade pode causar sintomas físicos como taquicardia, falta de ar, tremores, tensão muscular, sudorese e muitos outros. Esta informação sobre a ameaça não vai apenas para a Amígdala, vai também para o nosso córtex pré-frontal, que é o responsável pelo raciocínio, planejamento e execução de ações complexas. Quando esta informação chega neste lugar ela será analisada e julgada. Este julgamento (consciente ou inconsciente) pode amenizar a resposta física ou aumentá-la. Sendo assim, o nosso julgamento sobre estas ameaças tem papel regulador.
O tratamento da Ansiedade através de medicação com antidepressivos vai agir nesse caminho Amígdala – Suprarrenal (liberação de Noradrenalina). Já o tratamento através da psicoterapia vai agir nesse papel regulador que o nosso raciocínio tem sobre as respostas físicas. É por isto que na terapia cada medo, cada crença, cada lembrança é analisada e reelaborada em seu significado. Portanto, em uma crise ansiosa, sempre pare e analise o que está acontecendo, seu julgamento consciente é essencial para diminuir os sintomas da ansiedade.
Quais são os gatilhos da ansiedade?
Seus gatilhos podem ser pequenos.
Você vai notar uma reviravolta no estômago e uma faísca de pavor ao ver em sua caixa de entrada o nome de determinada pessoa. Ou podem ser maiores. Quando os números de desemprego disparam, você talvez se sinta enjoado e incapaz de se concentrar, apesar de ainda estar empregado.
Também é bom entender como você reage diante de um gatilho. Chamo isso de “indicadores” de ansiedades. Pergunte a você mesmo: “Como eu respondi à ansiedade naquele momento? Aquelas atitudes foram úteis ou não? Alimentaram ou aliviaram minha ansiedade?”. Anotar os próprios medos ajuda a examiná-los. Manter um diário de ansiedade — quando isso acontece, o que a desencadeia e como você reagiu — é uma ótima maneira de desenvolver a autoconsciência. Seus indicadores nem sempre serão de comportamentos negativos; por exemplo, muitos de nós nos conectamos mais com amigos e familiares durante momentos estressantes. Quando estou muito ansiosa, cozinho e congelo as refeições!
Os gatilhos são situações que provocam pensamentos indesejados. É o nosso sistema de alerta sendo ativado, indicando que a ansiedade está chegando. Por aparecem de repente, podem tornar alguns pensamentos e atitudes disfuncionais quando menos esperamos, e até levar a comportamentos desesperados para se livrar daqueles sentimentos negativos, como o medo de uma crise de pânico.
Conhecer os gatilhos, ou eventos desencadeadores pode não ser tão fácil, já que são muito particulares, mas é possível reduzir a influência deles no cotidiano! Os gatilhos podem ser tanto negativos quanto positivos, eles sempre irão nos remeter a situações que já aconteceram, como se revivêssemos aquilo. É fundamental compreendermos que os gatilhos não são linear ou idêntico para todos. Eles são extremamente particulares e, às vezes, podem ser difíceis de detectar.
Veja essa situação: durante uma conversa você pode ouvir algo que age como um gatilho em sua mente e, automaticamente, reagir de maneira ríspida, grosseira, àquela colocação. Como a pessoa com quem você está conversando não sabe exatamente o que aquilo significa para você, essa situação pode começar a desgastar relacionamentos e amizades.
Notar situações como esta é o primeiro passo. Mas ainda é necessário saber o que exatamente traz toda essa onda de sentimentos e questões à tona. Para isso, você precisa identificar os gatilhos.
Por exemplo: suponha que em três momentos da última semana você tenha apresentado crises de ansiedade ou um certo medo de algo, e você sabe que isso acontece bastante. Já parou para pensar se não existe algo em comum nesses momentos, que gere essa sensação?
Podem ser até detalhes que parecem sem importância, como uma demanda específica no trabalho, muitas roupas para passar ou uma atitude específica de alguém ao seu lado. Independentemente disso, conseguir notar um ou mais gatilhos já vai te ajudar bastante a começar a lidar com eles.
Algo que eu sempre digo aos meus pacientes é que nada é “bobo” ou “pequeno demais”. Quando pensamos assim, estamos dificultando ainda mais a identificação dos gatilhos emocionais que nos afetam.
Isso porque aquele acontecimento que você julgou “bobo” e reagiu intensamente, mesmo achando que nunca poderia causar algo assim, pode ser um gatilho e você precisa saber!